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Natal Pagão?

  • Foto do escritor: ocatecumeno
    ocatecumeno
  • 20 de dez. de 2021
  • 7 min de leitura

Atualizado: 21 de dez. de 2021

A data 25 de Dezembro possui origem pagã?

É uma acusação comum em diversas vertentes religiosas e seculares que o natal se originou da celebração pagã do Sol Invictus. Em que se dava o nascimento do solstício, um culto ao deus Mitra. A Igreja sempre se utilizou da cultura local para evangelizar os povos, à exemplo do apóstolo São Paulo que se utilizou do altar erguido ao “deus desconhecido” no templo do panteão romano para levar as pessoas ao conhecimento do verdadeiro Deus (Atos 17.22-31). Acusaremos o apóstolo de paganismo por tal ato? Afinal ele se utilizou de um altar que servia para honrar um ídolo romano. A celebração cristã do Natal possui este mesmo intuito primordial de São Paulo, no lugar de um falso deus apresenta ao mundo o verdadeiro Deus. O verdadeiro sol e responsável pelo solstício. O nascimento e encarnação de Cristo Jesus, Deus, que veio ao mundo para o salvar das trevas nos levando ao reino dos céus.

A simples coincidência de datas não torna o Natal pagão. Em analogia, se você fizer aniversário no dia do índio (19 de Abril), devemos concluir que você é um índio. Não é mesmo? Isso é claramente um non sequitur, uma conclusão que não é consequência lógica das premissas. O que vale também para aqueles que acusam que o aniversário do faraó egípcio (Gênesis 40.20) também se dava no dia 25 de dezembro e por isso o Natal é pagão.

A natureza da celebração é completamente distinta, sua contemplação e mensagem também. Ora, todo o paganismo do sol invictus morreu, se perdeu no tempo. Foi vencido pelo verdadeiro sol de Malaquias 4.2 “Sol da justiça”, pelo verdadeiro Deus, a verdadeira luz e vida que é Jesus Nosso Senhor. Eis a vitória da Igreja ante o paganismo e ante o império romano, para glória de Cristo, Deus encarnado celebrado no Natal. Quem dá crédito à festividade pagã, são exatamente aqueles que se opõem ao Natal e alardeiam o sol invictus como única celebração possível em 25 de dezembro. O cristão venceu o mal com o bem Romanos 12,21.

Então, mesmo que o Natal fosse uma festa de origem pagã, ainda assim seria cristã pois todos os elementos dele foram re-significados para expressar e comunicar a verdade, comunicar as boas novas do nascimento do Filho de Deus. Não podemos nos limitar a um raciocínio tão simplório. Veja, se formos levar a cabo este argumento de que tudo aquilo que foi usado para X sempre será X e não pode representar nada que não seja X, acreditando que um objeto ou um símbolo traz o mal por si só, um mal intrínseco ao ser. Devemos concluir então que um rottweiler muito utilizado no campo militar em guerras deveria permanecer tão somente como um cão de guerra, não deveria ser domesticado e viver em nosso lar pois certamente ele causaria uma carnificina. Ou pior, levando um argumento desse a sério devemos concluir que a cruz que era um sinal de vergonha, de maldição, de humilhação, de tortura, de morte deve ser considerada sempre maldita. Jamais o cristão poderia transformar algo tão horrendo em um símbolo de amor, esperança, alegria e salvação.


O culto do sol invictus só foi oficialmente inaugurado em 274 d.C pelo imperador romano Aureliano, apesar de ser celebrado pelos soldados antes disso, ainda que sem data específica. Porém os cristãos já celebravam e era amplamente difundido o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro. Como podemos ver em escritos patrísticos, homens que estão muito mais próximos de Cristo do que nós cronologicamente. Possuindo um contato muito mais próximo com a tradição cristã e com eventuais datas ou costumes cristãos.

São Teófilo (cerca de 171-183 d.C) - “Devemos celebrar o dia do nascimento de nosso Senhor no dia em que acontecerá no dia 25 de dezembro”

Santo Hipólito (cerca de 170-236 d.C) - “Pois o primeiro advento do nosso Senhor na carne, quando ele nasceu em Belém, foi em 25 de dezembro, quarta-feira, enquanto Augusto estava em seu quadragésimo segundo ano, mas de Adão, cinco mil e quinhentos anos. Ele sofreu no trigésimo terceiro ano, 25 de março, sexta-feira, no décimo oitavo ano de Tibério César, enquanto Rufus e Roubellion foram cônsules.”

Historiadores como S.E Hijmans relata em seu livro O Sol na Arte e Religiões de Roma: “Enquanto o solstício de inverno, ou em torno de 25 de dezembro, estava bem estabelecido no calendário imperial Romano, não há provas que uma celebração religiosa de Sol naquele dia antedatou a celebração do Natal.”

Se queremos vincular alguma festividade não cristã ao Natal, esta deveria ser a festividade judaica celebrada em 25 de dezembro. Que é o Kislev judaico, chamado de Hanukah, a festividade das luzes. Celebrada bem antes do nascimento de Jesus. Conhecida na bíblia como Festa da Dedicação, como vemos em João 10.22 “Celebrava-se em Jerusalém a festa da dedicação. Era inverno.” Para o judeu a celebração começa na noite de 24 de dezembro e se estende até dia 1° de janeiro. Que originou-se da purificação do templo durante a época de Judas Macabeu, que para o cristão é uma prefiguração de Cristo, que veio a este mundo para nos purificar e santificar dos pecados. Chamaremos também o Hanukah de uma festa pagã? Creio que não, é uma celebração da antiga aliança, aperfeiçoada na nova aliança na pessoa de Jesus Cristo como todas as demais festas judaicas. Pois Ele é o cumprimento de toda Escritura, fim último de toda celebração cristã.

Agora, há aqueles que dizem que o Natal não é instruído por Deus na bíblia como festividade, portanto não devemos comemorar o Natal. Mais um non sequitur. Deus também não institui que devemos comer hambúrguer ou pizza, mesmo assim comemos. A bíblia não contém diretamente todas as nuances da vida, nem tudo está na bíblia. Desta maneira cairemos na lógica dos que utilizam a bíblia para defender a terra plana, pois querem utilizar a bíblia como uma evidência puramente científica. Uma resposta para todas as coisas. A bíblia não se propõe a isso, mas em nos direcionar para salvação e para a verdade que é Jesus Cristo. Além disso, os judeus faziam e escolhiam sim datas de celebrações para si mesmo sem uma ordenança direta de Deus, como vemos em Esdras 9.19-21 quando instituíram um feriado no mês de Adar onde eles deveriam celebrar essas datas com banquetes e alegria, como ocasião para enviar porções de alimento uns aos outros e dar presentes aos pobres. A livre interpretação bíblica, infelizmente, é fonte de grande parte das heresias e de tudo quanto é tipo de confusão. Pois cada um lê de acordo com seu critério pessoal ou com um critério pré estabelecido que mais lhe convêm chamar de “verdadeiro”. Existindo até aqueles que fazem um sincretismo de diversas interpretações gerando a cada dia um novo cristianismo distorcido e contra a verdade.

Ainda, foi dada por Cristo à Igreja, autoridade para qualquer situação aqui na terra em Mateus 16.18-19 na pessoa de São Pedro. A bíblia não está só, existe o Santo Magistério e a Santa Tradição Apostólica para o correto ensino da verdade.


Agora, vamos a uma demonstração bíblica a respeito da datação do nascimento de Cristo:

Em Lucas 1.9 o sacerdote judeu Zacarias entrou no templo para oferecer o incenso - “coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume”.

De acordo com a tradição judaica, este incenso queimando no interior do santuário interno do templo tradicionalmente é feito uma vez por ano, no dia 15 do mês judeu de Tishrei (que é equivalente a 25 de setembro, no calendário gregoriano). Enquanto Zacarias estava no santuário interno do templo, um anjo lhe apareceu e trouxe uma mensagem de que ele teria um filho com sua esposa Isabel e que o nome seria João em Lucas 1,11-13; como prometido pelo anjo Gabriel enviado por Deus, Isabel engravidou e prosseguindo a leitura de Lucas 1 vemos que após seis meses o anjo apareceu a Virgem Maria que ali conceberia um filho do Espírito Santo, Jesus.


Agora basta fazer o cálculo com as informações que as Escrituras nos oferecem: 15 de TISHREI = 25 de SETEMBRO (anunciação a Isabel, concepção de João Batista). Adicionemos 6 MESES da gravidez de Isabel que é igual a 25 de MARÇO (anunciação a Virgem Maria, concepção de Jesus).

Logo, 25 DE MARÇO + 9 meses de período normal de gravidez = 25 de DEZEMBRO. Então, com base nos eventos que se sucedem nas Escrituras podemos deduzir categoricamente a data do nascimento de Cristo. Assim, as Escrituras confirmam o que os primeiros cristãos ensinavam. Portanto, estão alinhados Magistério da Igreja, Tradição Apostólica e Sagradas Escrituras.


Alguns símbolos do natal e seus significados:


  • Árvore/pinheiro: no inverno as árvores secam, porém o pinheiro permanece sempre verde. Esperança mesmo em meio a um tempo de escassez, representa a árvore da vida no paraíso que foi restaurada pela árvore do Calvário a Cruz (Salmos 95.12)

  • as bolas na árvores: representam os frutos dela, os bons frutos que todo cristão deve dar, frutos do Espírito

  • os presentes para nos lembrar dos presentes que o menino Jesus recebeu dos magos que lhe foram adorar no nascimento e o presente que o próprio Deus nos dá, a salvação por meio de Cristo nos tornando filhos adotivos do pai

  • o sino: simboliza o convite da Igreja à toda a humanidade para que se volte a Nosso Senhor Jesus, assim como o sino funcionava no alto das torres das catedrais

  • vela: luz de Cristo, a luz que dissipa todas as trevas

  • papai noel: São Nicolau um homem que era muito bom e fazia obras de caridade, especialmente para as crianças pobres



Infelizmente há excessos e por vezes é esquecido o que representa o Natal, ou melhor, o que é de fato o Natal. Nos perdemos em meio ao comércio ou talvez estamos apenas desinteressados quanto a realidade natalina. Pois é um fato histórico que marcou toda a humanidade. Difamar o Natal é coisa antiga, logo no início do cristianismo já o faziam. A principal semelhança é que tanto os críticos do passado quanto os do presente passarão e a natividade do Menino Jesus permanecerá sendo a maior alegria da humanidade. Na encarnação de Deus Filho se realizou o ápice da história humana.


Louvado seja Nosso Senhor Jesus que veio ao mundo, encarnou, perfeito homem e perfeito Deus. Nascido da Virgem Maria, gerado e não criado. Por amor se fez o mais desprezado entre os homens para a salvação de todo aquele que nele crer. Glória ao Verbo vivo. Que neste Natal nos recordemos de tamanho milagre, Deus conosco, feito homem para nos ligar em amor à Santíssima Trindade. Amém!

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