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Maria, Mãe de Deus

  • Foto do escritor: ocatecumeno
    ocatecumeno
  • 1 de out. de 2021
  • 7 min de leitura

Atualizado: 11 de jul. de 2022

É dogma da fé católica que Maria é mãe de Deus, sabemos que não desde a eternidade, pois Cristo não foi criado mas sim GERADO. Deus Filho, uma das pessoas da santíssima trindade, O é desde sempre um com o Pai e o Espírito Santo. Todavia a Igreja e a história cristã nos demonstra que Cristo encarnado se fez 100% homem e 100% Deus, ambas naturezas inseparáveis e harmônicas, humana e divina (hipóstase). Aqueles que rejeitam esta doutrina apareceram já nos primeiros séculos do cristianismo. Sendo as principais heresias sobre este tema o adocionismo, arianismo e nestorianismo. Entre os anos 190 d.C e 460 d.C foram concebidas e pregadas por seus pais, o que gerou grande debate na Igreja e provocou concílios para confirmação da doutrina cristã e rejeição das heresias. Os principais concílios deste período foram o Primeiro Concílio de Nicéia (325 d.C), o Primeiro Concílio de Constantinopla (381 d.C), o Primeiro Concílio de Éfeso (431 d.C) e o Concílio de Calcedônia (451 d.C), quatro dos sete primeiros concílios universais da Igreja respectivamente, sendo o primeiro concílio o de Jerusalém realizado pelos apóstolos. Conhecendo as heresias acima citadas seremos capazes de compreender o porquê de serem rejeitadas como heréticas e qual é a ação e doutrina católica sobre.


Adocionismo - consiste na crença de que Jesus nasceu humano, sem qualquer natureza divina. Ele porém foi uma criatura perfeita sem qualquer mancha de pecado, um homem santo como Deus o é. Ali já havia desde seu nascimento a ação divina lhe conduzindo, nele estava o Deus Filho vivendo através dele. Porém sua parte humana se tornou divina apenas a partir do momento de seu batismo. Assim, Cristo foi aceito como divino para integrar a Trindade, um homem que se tornou Deus. Um pensamento muito difundido e apreciado no meio pagão da época, tanto no mundo grego quanto no romano. Também para o judeu o Messias seria um homem eleito por Deus, ou seja, não seria o próprio Deus. Não se sabe ao certo quem foi o teórico responsável pelo adocionismo. Entretanto, o principal nome em seus primórdios foi Teódoto de Bizâncio, que levou essa doutrina a Roma em 190. Este ensino cai em duas contradições lógicas a serem abordadas:

  1. se o homem é capaz de se tornar Deus por meio de seu próprio esforço, mais fácil será que o homem alcance a salvação por si só sem qualquer necessidade da ação divina (uma heresia chamada Pelagianismo)

  2. se Cristo não é nascido Deus, Ele se faz mentiroso pois assim se apresenta na bíblia e os seus discípulos também o testificam. Por exemplo, em João 1.1-3 “No princípio era o Verbo, e o verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito.” Também se faz mentiroso o anjo Gabriel que anuncia a Virgem o nascimento do filho de Deus em seu ventre. Ou se fazem mentirosos aqueles que deram tais relatos, Maria, os apóstolos e os escritores do novo testamento.

O adocionismo necessita de uma cadeia de negação, de crer que todos estes antecessores mentiam ou viviam um engodo e que apenas os docetistas após anos de enganação receberam a revelação divina e agora professam a verdadeira fé. Aliás, algo comum em todas as heresias. No ano de 190 o papa São Vítor I condenou esta doutrina como herética.


Arianismo - crença em que Jesus é a primeira e mais excelsa de todas as criaturas, criado e não gerado. Visão anti trinitária onde Cristo é subordinado a Deus Pai e não consubstancial a Ele, não é Deus. Para seu idealizador, só existe um único Deus e Jesus é seu filho na carne. Pouco similar ao adocionismo, porém aqui Jesus não é elevado a Deus. Permanece sendo a mais excelsa das criaturas e o maior entre os homens. Uma visão muito agradável para época assim como o adocionismo. Foi a maior e mais problemática heresia de seu tempo causou uma confusão enorme na Igreja a ponto de muitos integrantes do clero, sacerdotes e diáconos, se inclinarem para heresia que foi muito bem apresentada por Ário, um presbítero de Alexandria por volta de 319. Sua doutrina se espalhou por toda parte, simpatizada por imperadores como Constantino I e adotada por Constâncio II entre outros. Se difundiu pelos povos bárbaros do norte da Europa. O alvoroço foi tão grande que após a excomunhão de Ário e da condenação da heresia ariana no concílio de Nicéia, lideranças orientais apoiadores do arianismo condenaram o concílio de Nicéia e todos seus colaboradores como hereges e os excomungaram. Atanásio de Alexandria foi o principal combatente desta heresia, inclusive sendo o defensor da fé católica no concílio de Nicéia. Atanásio foi exilado pelos arianos por cinco vezes devido às disputas teológicas e forte posicionamento contra seus detratores. Por vezes solitário na Igreja, isto na região oriental onde se tornou bispo, expressou uma de suas frases clássicas “se o mundo for contra a verdade, então Atanásio será contra o mundo”. O símbolo de Nicéia declarou a fé católica (fé universal, fé transmitida pelos apóstolos a qual todo cristão deve aderir) no Filho consubstancial ao Pai desde a eternidade, afirmando a Trindade juntamente ao Espírito Santo. A heresia ariana foi tão forte que necessitou ser combatida ainda no Concílio de Constantinopla em 381, cerca de 56 anos depois onde foi concluído o símbolo niceno-constantinopolitano uma profissão da fé ortodoxa abraçando o concílio de Nicéia e acrescentando a defesa da divindade do Espírito Santo que estava sendo negada pelos macedonianos. O símbolo niceno-constantinopolitano é professado até hoje pelo católico, a fé resumida. Ainda hoje o arianismo é incorporado por diversas vertentes protestantes. Caindo em erros similares ao do adocionismo, porém encontrou muito mais corações para habitar. “Toda a graça que nos é dada na Trindade nos é dada pelo Pai, através do Filho, no Espírito Santo” Santo Atanásio de Alexandria.



Nestorianismo - nesta crença as naturezas de Cristo estão separadas, ambas presentes, porém distintas. Seu mentor foi Nestório que viria a ser Patriarca de Constantinopla. Ele iniciou seus estudos em Antioquia com Teodoro de Mopsuéstia. Há muito tempo outros teólogos da escola que fazia parte já ensinavam uma interpretação literal das Escrituras procurando sempre evidenciar a diferença entre as naturezas divina e humana de Jesus onde as naturezas se comunicam porém estão separadas. Existe Jesus Homem e Jesus Divino habitando o mesmo corpo, se limitando mutuamente entre aquilo que é próprio do homem e o que é próprio de Deus. Consequentemente, Nestório propôs ser herético o título dado a Maria de Theotokos (Mãe de Deus) e que o título ortodoxo deveria ser Cristótoco (Mãe de Cristo), alegando que Maria era mãe apenas da carne de Jesus que foi criada. Seu principal detrator foi São Cirilo de Alexandria que defendia ferreamente a natureza humana e divina de Cristo como inseparáveis, indivisíveis e totais. Relatou que a doutrina de Nestório minava o ensino apostólico sobre a unidade das naturezas de Cristo na encarnação, favorecendo heresias anteriormente já combatidas. O papa Celestino I interveio a pedido de Nestório e Cirilo sobre este artigo de fé, declarando que o título Theotokos era ortodoxo. Por insistência de Nestório em sua doutrina já rejeitada pela Igreja (apesar de receber apoio e conquistar diversas dioceses pelo oriente) foi convocado o primeiro Concílio de Éfeso que ocorreu coincidentemente na igreja de Maria, onde foi declarado como herética a doutrina de Nestório e confirmada a ortodoxia que Jesus era uma pessoa em união hipostática, ambas naturezas são o mesmo ser, não duas pessoas separadas. Mais tarde, o concílio de calcedônia confirma novamente o que foi decidido em Éfeso. “Isto é importante, Deus é eterno, nasceu de uma Mulher e permanece conosco todos os dias. Vivemos com esta confiança e nela encontramos o caminho de nossa vida. Realmente, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, porque motivo não pode ser chamada de Mãe de Deus a Virgem Santíssima que o gerou?” São Cirilo de Alexandria



Para a salvação do homem se fez necessário que o Filho de Deus viesse a terra morrer por nós, pois nenhum homem seria capaz de se entregar ao Pai em perfeito sacrifício. Como um cordeiro imaculado, sem culpa, sem a mancha do pecado. Com amor e caridade em plena comunhão com Deus Pai e o Espírito Santo. Se colocando como intercessor dos homens, assumindo e levando sobre si todo o castigo que era merecido aos homens. A condenação e morte eterna foram vencidas por Cristo na cruz, como havia de ser, como foi profetizado em Isaías 53. A redenção que foi preparada por Deus desde o princípio Gênesis 3-15. Nenhum homem seria e nenhum homem é capaz de dar a Deus aquilo que lhe é necessário para sua salvação. Apenas o próprio Deus pode oferecer com sua graça através de Cristo Jesus a redenção ao homem, tudo o que fazemos é corresponder a este amor com a fé necessária que recebemos do Espírito Santo.

Infelizmente todas essas heresias adquiriram adeptos que se afastaram da Igreja de Cristo para viver sua nova crença longe da verdade. O que todas essas heresias têm em comum? Elas dizem muito mais a respeito da pessoa de Cristo do que de Maria, se configuram essencialmente em um ataque a Jesus e não simplesmente em uma tentativa de desmitificar Maria. Naturalmente, toda ação contra a mãe de alguém se tornará em uma ofensa para o filho. Qual é o filho que ao ver sua mãe caluniada ou ver pessoas desmerecendo sua mãe não se ofenderia até mais do que a própria mãe? O objeto pode ser Maria, mas o alvo que acertam é Jesus, Ele quem é atingido por aqueles que negam sua hipóstase na encarnação. Podemos proclamar sem medo THEOTOKOS MARIAH! Maria Mãe de Deus! Cristo Jesus encarnou, perfeito Deus e perfeito Homem, nascido da Virgem Maria e concebido nela pelo Espírito Santo. Maria a criatura perfeita que de Deus recebeu todas as graças, para o bem de toda a criação, para que por ela viesse nosso Salvador, como testifica Isabel cheia do Espírito Santo em Lucas 1.41-43 “Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu de alegria em seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a MÃE DE MEU SENHOR?”. Perceba o detalhe "cheia do Espírito Santo", é o próprio Espírito quem testifica o Cristo e também aquele que declara primeiro a maternidade íntegra de Maria que gera em seu ventre, no poder do Espírito Santo, a Deus Filho.


Louvado seja Cristo Jesus Nosso Senhor!


Veja no catecismo da Igreja Católica §422-682

2 Comments


Karen Nunes
Karen Nunes
Oct 12, 2021

Poderia me explicar melhor a diferença e entre Adocionismo e Arianismo, está muito bem explicado porém ainda estou na dúvida

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ocatecumeno
ocatecumeno
Oct 26, 2021
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Em resume breve e simples: Adocionismo - Cristo é adotado por Deus Pai como filho e também como novo deus em união ao Pai, deixando de ser uma simples criatura e se tornando divino no momento de seu batismo. Jesus é adotado, perceba, a adoção pressupõe a graça de Deus para receber Jesus. Arianismo - Cristo é aceito por Deus como filho devido sua perfeição, ou seja, por seu próprio mérito enquanto homem totalmente virtuoso. Porém permanece sendo uma criatura, ainda que a mais elevada e perfeita da criação. Jesus é aceito, portanto, Deus se vê obrigado em O trazer para reinar nos céus devido a perfeição do homem Jesus. Ambos negam a divindade de Cristo consubstancial ao Pai.

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